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QUESITOS JULGADORES

Aprenda quais são os quesitos e como eles são julgados na Avenida.

-ALEGORIAS E ADEREÇOS
-BATERIA
-COMISSÃO DE FRENTE
-ENREDO
-EVOLUÇÃO
-FANTASIAS
-HARMONIA
-LETRA DO SAMBA DE ENREDO
-MELODIA
-MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA

ALEGORIAS E ADEREÇOS é representação plástica e ilustrativa do enredo. As alegorias de mão e os carros alegóricos são heranças dos Ranchos e das Grandes Sociedades (Corsos). No início, as alegorias eram obras realizadas por artistas populares; porém, com o crescente interesse pelos desfiles das Escolas de Samba, objetivando ainda a disputa pelos títulos, elas procuraram se modernizar, utilizando-se de tecnologias e materiais sofisticados. No entanto, ainda existem artistas que dão preferência a materiais mais simples e/ou reciclados, o que não as tornam de melhor qualidade. O importante é a obra acabada, a sua concepção, o que ela revela de arte, o seu equilíbrio e acabamento e até que ponto serve a uma maior compreensão do enredo, seja ilustrando o fato, seja tornando mais belo o espetáculo.

As alegorias criadas devem ter adequação com o desenrolar do enredo, com o objetivo de ilustrá-lo e dar-lhe belezas (necessárias ao desfile). Servem como verdadeiros cenários onde são reproduzidas as partes mais importantes da história apresentada. Devem ter originalidade, observando-se a criatividade, imaginosa e/ou inventiva do carnavalesco e a maneira própria de utilizar, recriar e/ou estilizar formas. Os destaques principais e de apoio que vêm sobre as alegorias devem ser levadas em consideração, pois representam figuras que complementam a composição dos carros. As alegorias podem ser representadas de várias formas:

Carro Alegórico: Qualquer base sustentada por rodas;

Quadripé: Carros menores que servem normalmente para levar os destaques do Enredo;

Tripés: Pequenas estruturas com três rodas que servem para levar elementos alegóricos;

Adereços: São todos os elementos alegóricos carregados com as mãos.

PARÂMETROS BÁSICOS PARA O JULGAMENTO DO QUESITO ALEGORIA

Concepção: É a impressão causada pelas formas, pela composição e pela utilização e distribuição de materiais e cores.

Originalidade: É a capacidade original e pessoal do artista em criar ou estilizar os elementos alegóricos e/ou a utilização de materiais alternativos.

Acabamento: É o cuidado e capricho na confecção dos elementos alegóricos.

Adequação: É a propriedade das alegorias em transmitir com clareza a sua proposta dentro do enredo.

BATERIA é o coração de uma agremiação, que sustenta com vigor a cadência indispensável para o desenvolvimento do desfile da mesma; o canto e a dança se apóiam no ritmo da “Bateria”.

O(s) intérprete(s) da agremiação sustentam a melodia do samba cantado, e dependem de um bom entrosamento rítmico (bateria) e harmônico (cavaco, violão e banjo), transmitindo aos componentes a alegria necessária para o bom desempenho no desfile, é o conjunto de instrumentos de percussão, comandado por um ou mais diretores, que conduz o ritmo para toda a Escola.

Em nosso carnaval encontramos três tipos de “Bateria”: a pesada, que é aquela onde, o som dos naipes graves se destaca; a leve, que é aquela em que o som dos naipes agudos se destaca; e a intermediária, que é a que tem o envolvimento sonoro de todos os naipes, no mesmo nível. O perfeito entrosamento dos naipes, cada qual com sua afinação farão, com que o julgador ouça perfeitamente todos eles, isso sim observando a tendência dos três tipos de baterias citadas acima.

Alguns instrumentos são considerados básicos e indispensáveis na formação de uma “Bateria”. São eles: SURDO (naipes graves), REPINIQUE (naipes agudos), CAIXA (naipes agudos), TAMBORIM (naipes agudíssimos), CHOCALHOS (naipes agudíssimos). É através deles que se tem a referência para a análise rítmica da Bateria, devendo-se observar a equalização dos mesmos. Assim como o andamento deve ser analisado através da pulsação dos surdos e seus complementos (citados acima).

A criatividade de cada “Bateria” não se discute, uma vez que ela é uma concentração popular eclética na sua formação, com a participação das mais diferentes classes sociais e culturais de nosso país, sendo assim cada entidade tem o direito de fazer o que bem entender nos seus desenhos rítmicos, ou seja, uma bateria pode conduzir todo o seu desfile sem que faça qualquer tipo de evolução rítmica no decorrer da apresentação, e também tem a liberdade de fazer qualquer tipo de breque convencional ou breque de silêncio, desde que nenhum deles cause descompasso no desfile da entidade. No caso de eventual(ais) convenção(ões), o julgador deverá avaliar o efeito sonoro e a precisão da retomada após a mesmas, podendo marcar a pulsação no sistema mecânico, ou seja,  acompanhar a primeira marcação e a segunda com o movimento das mãos, ou dos pés (marcação ou surdo) e avaliar o desempenho de seus complementos no intervalo das marcações.

PARÂMETROS PARA O JULGAMENTO DO QUESITO BATERIA

Sustentação: É o andamento rítmico, que não deve nem diminuir nem acelerar durante o desfile.

Cadência: É o andamento, que poder ser mais lento ou mais rápido de acordo com a característica da bateria.

Entrosamento: É a perfeita combinação dos sons emitidos pelos vários instrumentos e o casamento da parte harmônica e melódica do samba cantado pela entidade.

Propriedade: É a função da bateria em servir ao canto e a dança dos componentes em desfile.

Descompasso: - “Atravessar” o Samba - Ocorre quando a Bateria provoca o desentrosamento entre o ritmo com o canto, ou mesmo o descompasso dos instrumentos entre si.

Retomada: É quando no caso da bateria executar uma convenção ou breque, voltar com precisão no mesmo andamento em que parou.

Equalização: É a propriedade que define o equilíbrio no volume dos naipes dentro de uma Bateria.

O Julgador não levará em conta:

• Eventual pane no sistema de som da avenida.

• A fantasia dos ritmistas, julgando a bateria apenas com os ouvidos e não com olhos.

COMISSÃO DE FRENTE é o conjunto de pessoas que apresentam a Escola de Samba. Seus componentes podem se apresentar vestidos a rigor ou fantasiados.

As Escolas de Samba foram buscar nos Ranchos a idéia da Comissão de Frente, que no início era formada pelo baliza, que vinha à frente com seu bastão, cujo papel não era apenas o de fazer malabarismo, mas também “limpar a área”, seguido dos batedores (brigões), compostos por homens que formavam um verdadeiro paredão humano e que também carregavam bastões às mãos, cujo objetivo maior era o de defender seu grupo dos rivais. Posteriormente, passou a ser formada por pessoas que tinham maior representatividade na Escola, os mais velhos ou pessoas influentes no local originário da Escola. Esta tradição foi mantida apenas até os primeiros anos da década de 1960.

Atualmente, a Comissão de Frente pode ser composta de elementos masculinos, femininos, crianças ou casais. A Comissão de Frente pode desfilar andando, evoluindo ou até sambando, desde que mantenha a uniformidade e a comunicação com o público. É sempre o primeiro contingente a entrar na pista de desfile, podendo estar à sua frente somente a pessoa responsável pela coreografia da mesma e/ou o responsável (presidente, harmonia ou diretor) que conduz o andamento do desfile da Escola e na sua retaguarda somente o carro Abre-alas; após este último, entra todo o contingente que compõe a Escola.

A função principal da Comissão de Frente é de apresentar a Escola e saudar o público, além de “pedir passagem para o desfile”. Tais performances devem ser de forma gentil, graciosa, comunicativa e/ou carnavalesca. A postura e o perfeito sincronismo da coreografia devem ser também elementos essenciais de uma boa Comissão de Frente.

Parâmetros básicos para o julgamento do quesito Comissão de frente

POSTURA: É a função da Comissão de Frente saudar e cumprimentar o público.

COREOGRAFIA: É o perfeito sincronismo dos movimentos entre os componentes dentro da coreografia proposta.

COMUNICAÇÃO: É o vigor dos seus componentes no contato com o público.

ENREDO é o tema central do Carnaval que a Escola de Samba procura mostrar diante o seu desfile. É à base de todo o trabalho da Escola, porque é a fonte de inspiração de todos os artistas da Agremiação. A partir dele, os compositores criarão o Samba de Enredo, o Carnavalesco e a sua equipe criarão as Alegorias e Fantasias. O próprio roteiro do desfile, a disposição das Alas, o posicionamento de Carros Alegóricos, Tripés e Destaques, procura ser realizada tendo como um de seus principais objetivos o Enredo, sua argumentação e o seu desenvolvimento.

Os ENREDOS devem ser baseados em motivos reais, fatos ou imaginários da história, folclore ou dos costumes brasileiros.  Observada essa mínima exigência, o campo de escolha é muito amplo. No entanto, alguns tipos podem ser citados como os mais comuns: os históricos, que narram fatos da história nacional (ex.: Revolta dos Malês/Mocidade Alegre); os abstratos, que partem de ditos populares ou temas universais (ex.: Quem não arrisca, não petisca/Peruche); os pessoais, que procuram exaltar grandes nomes da história da cultura nacional (ex.: Jorge Amado, Axé Brasil/Império Serrano); e os satíricos, que procuram explorar acontecimentos momentâneos políticos, econômicos ou sociais.

O ENREDO em si é apresentado por meio de um prospecto no qual deverá estar contida a exposição do mesmo e os aspectos que a Escola de Samba pretende explorar no seu desenvolvimento. O seu conteúdo pode variar desde a simples apresentação da idéia até uma completa descrição do desfile.

Parâmetros básicos para o julgamento do quesito Enredo

Roteiro: Deve-se verificar se a ordem das Alas está com a seqüência do ENREDO, permitindo uma compreensão adequada do mesmo.

Argumentação: Deve se procurar observar se a idéia central do ENREDO e os aspectos de maior relevância no seu desenvolvimento foram claramente apresentados.

Originalidade: Deve-se analisar se o ENREDO foi explorado com originalidade e criatividade.

Aproveitamento: Deve-se observar se a proposta do ENREDO foi integralmente aproveitada durante o desfile. Neste caso, cabe também avaliar se o Carnaval apresentado explorou todo o potencial do ENREDO.

Adequação: Deve-se avaliar se as concepções das Alegorias e Fantasias estão corretamente relacionadas com o ENREDO. Se for possível ver nessas concepções os elementos presentes no ENREDO.

Observação: As informações aqui contidas foram retiradas de fontes já citadas, Regulamentos da UESP, Manual de Jurados da UESP e material cedido por Thereza Santos.

EVOLUÇÃO é o deslocamento progressivo em busca de um determinado ponto entregue a cadência do Samba. É o ponto alto da manifestação da Escola, todo conjunto movimentando-se ao ritmo do samba, é a empolgação e agilidade dos passistas e o movimento coreográfico das alas. Assim, em termos de Evolução pesam características próprias da Escola de Samba, no deslocamento devem-se observar os movimentos, o jogo de ir e vir, a espontaneidade e a leveza da expressão corporal, num envolvimento total do corpo todo, braços, pernas e quadris entregues à cadência do Samba.

Não existe um modelo pré determinado de evolução nem sistemas rígidos de desempenho. Muitas vezes as coreografias podem ser inspiradas nas danças folclóricas, ou nos efeitos abstratos de ondas do mar ou no vôo pássaros, por exemplo; é o passista exteriorizando suas emoções através do seu gingado, as alas podem avançar em movimentos sinuosos, circulares ou retos. Qualquer que seja a forma do movimento, o que importa é o desempenho rítmico do componente, sua empolgação, seu vigor, sua vibração.

O jurado de Evolução deve observar se a Escola está evoluindo com alegria e espontaneidade, se existem destreza e sincronia de movimentos coreográficos e se há continuidade nos movimentos dos componentes. Caso a Escola esteja atuando dentro das características acima, certamente estará fazendo uma boa Evolução. Caso contrário, a Escola estará falha, portanto, prejudicada na sua Evolução.

As alas evoluem, mas, em nossos dias, nem todas; alguns setores da Escola, por necessidades técnicas naturais, exigem espaço para sua evolução, por exemplo: Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Alas de Passo Marcado, Alas Shows. Porém, esses “setores”, em determinados momentos, quando mal ensaiados, abrem grandes “buracos”, “aglomerações” ou “atropelos”, atrapalhando muito a Evolução dos demais componentes.

Parâmetros Básicos para o Julgamento do Quesito Evolução

Desempenho Rítmico: É o deslocamento progressivo de todo o elenco dentro do andamento do samba.

Expressão Corporal: É a movimentação do corpo todo, pés, cadeiras e braços dentro da cadência do samba.

Sincronia/Continuidade: É a manutenção da mesma velocidade entre todos os setores da Escola, evitando buracos, aglomerações e atropelos.

FANTASIAS. Com base no enredo são feitos os figurinos, os quais darão origem à criação artística, que constitui a fantasia dos personagens do tema proposto. A adequação das FANTASIAS ao Enredo, as quais, com suas formas, devem cumprir a função de transmitir as diversas partes do conteúdo desse Enredo. Devem ter criatividade, porém possuir significados, causando impressão pelas formas e pelo entrosamento, utilização, exploração e distribuição de materiais e cores. Deverá ser avaliado o acabamento, cuidados na confecção, a uniformidade de detalhes, dentro das mesmas alas, grupos e/ou conjuntos (igualdade de calçados, meias, shorts, biquínis, soutiens, chapéus e outros complementos, quando ficar nítida esta proposta).

Normalmente, em uma Escola de Samba existem vários tipos de fantasias; porém, as mais evidentes são:

Fantasias das Alas do Enredo: Como o próprio nome diz, são aquelas que se vestem de acordo com o tema proposto, dando à Escola em desfile uma perfeita visão do enredo que propõem descrever;

Fantasias das Alas Shows: São alas cujos figurinos não acompanham necessariamente o Enredo, mas valorizam o espetáculo pela sua evolução. Geralmente, são moças com fantasias leves (maiôs/biquínis) e rapazes acompanhados de instrumentos de percussão, que completam o desfile com suas coreografias acrobáticas.

Existem ainda outras fantasias que completam o desfile na avenida, tais como: Comissão de Frente, Bateria, Baianas, Ala das Crianças, Mestre-sala e Porta-bandeira, as quais poderão ou não estar dentro do Enredo.

Existem também as fantasias de Destaques que vêm sobre os carros alegóricos, porém estas não devem ser julgadas pelo julgador do quesito fantasia, pois fazem parte da composição alegórica e, conseqüentemente, são julgadas pelos julgadores daquele quesito.

Quanto ao material utilizado na confecção, há completa liberdade, podendo ser materiais caros ou baratos, reciclados ou não; o que importa é que sejam bonitas, sugestivas e inventivas. “Uma FANTASIA rica pode não ser bela e uma FANTASIA simples e barata pode ser de rara beleza e vice-versa.”

Parâmetros básicos para o julgamento do quesito Fantasia

Adequação: Deve-se observar se as fantasias estão de acordo com a proposta do enredo.

Criatividade: É a maneira original de conceber as fantasias, observando-se inclusive o material utilizado e a combinação de cores.

Acabamento: É o cuidado e capricho na confecção das fantasias de todo o elenco.

Uniformidade: É a igualdade das fantasias dentro dos mesmos grupos/alas,
nos detalhes.

HARMONIA é o resultado de ajustado entrosamento entre ritmo (Bateria) e canto (Melodia), os dois desaguando num sincronismo perfeito e, como perfeição, não admite hiatos, altos e baixos. Durante todo o desfile a Escola deve manter a mesma cadência, cantar com igual vigor e desfilar com a mesma desenvoltura, pois a quebra deste conjunto de fatores implicará em falhas de Harmonia, o que torna a função do julgador um profundo exercício de reflexão e sensibilidade, visto que a emoção dos desfilantes de cada Escola atingirá por certo o jurado deste complexo quesito.

Excepcionalmente uma Entidade pode cantar com perfeição e evoluir mal, por medir a carga de esforços empregada na primeira parte do desfile ou por falta de condições físicas de maioria de seus componentes. É muito difícil acontecer, mas não impossível; neste caso, a sua HARMONIA está prejudicada.

Sendo a HARMONIA o perfeito equilíbrio entre o ritmo e o canto, se uma Entidade não canta ou não mantém o ritmo, prevalecem todas ou quaisquer das seguintes hipóteses:

1. Não foi devidamente ensaiada, não sabe o Samba ou é incapaz de cantá-lo em uníssono;

2. O samba tem HARMONIA tão difícil que é impróprio ao canto coletivo; e

3. A Bateria não se entrosou com o Samba e/ou não forneceu a cadência exigida.

Outro detalhe importante é verificar se a Escola manteve a constância, cantando o samba durante todo o tempo do desfile, pois de uns tempos para cá, tornou-se comum nos sambas enredo a feitura de um “coro” bem vivo (refrão) distribuído na letra, para dar a impressão que todos cantam, quando na verdade a Escola está cantando um pedaço do samba (justamente o mais fácil, feito a propósito para impressionar o jurado).

Parâmetros básicos para o julgamento do quesito Harmonia

Sincronismo: É o perfeito “casamento” entre o canto e o ritmo, observando-se o compasso da música e a marcação da bateria.

Constância: TODOS do elenco devem cantar o samba TODO, durante
TODO o desfile.

Desenvoltura: É o comportamento descontraído de todo o elenco, transmitindo, através do canto e do ritmo, a participação total e o prazer em desfilar.

Falta de sintonia no Canto: Ocorre quando uma parcela dos componentes canta uma parte da letra enquanto ao mesmo tempo outra parcela canta outra parte.

LETRA DO SAMBA DE ENREDO ocupa um lugar excepcional entre os itens que integram o desfile de Carnaval.

“Criado por compositores componentes de Escolas de Samba do Rio de Janeiro a partir de inícios da década de 1930, a LETRA DO SAMBA deve exprimir com fidelidade o resumo poético do tema histórico, folclórico, literário ou mesmo de criação livre que for escolhido para Enredo ou assunto da apresentação da Escola de Samba em seu desfile-espetáculo diante do público” (ENCICLOPÉDIA DA MÚSICA BRASILEIRA).

A técnica para compor uma boa Letra de Samba é a mesma usada para se escrever uma boa poesia, um bom romance, uma boa história: essa técnica deve conter clareza e correção.

Como a Literatura Popular é riquíssima e traz dentro dela possibilidades insuspeitas de boa realização, fica evidente que a Letra de Samba ideal é aquela que tira o melhor partido dessas possibilidades, com imaginação e clareza no que propõe para ser usado no desfile. Não se deve esquecer que a poesia popular também possui gramática e entre essa gramática e a usada por autores tidos como eruditos não existe o abismo que muitos supõem existir: basta folhear a Literatura de Cordel, rica em rimas, idéias poéticas e correção.

O fundamental é que o criador da Letra do Samba esteja preparado para realizá-lo bem. Não se pode exigir do sambista-compositor rimas parnasianas como risonho-suponho (verbo), admira-lira, delicada-alvorada, dissera (verbo)-primavera, mas o fato é que já se tornou gasto, velho e sem graça, por exemplo, rimar Brasil com céu de anil. Merece ponto o sambista que encontra para tais casos, uma melhor solução.

O compositor que faz uma Letra de Samba complicada, longa, com pesquisas árduas, mitológicas etc., tem de ser julgado com o mesmo critério que aquele que falou ou cantou um simples caso de amor. Ele deve saber até onde consegue ir como poeta e letrista.

A LETRA DO SAMBA vale por si só; não se deve esquecer seus defeitos porque a melodia é bonita e empolga ou talvez fosse o caso de o jurado dar avaliar duas condições: uma para a LETRA, em si e outra para a funcionalidade dessa LETRA unida à Melodia.

Por último, o jurado deve avaliar, com critério e honestidade, o texto que está à sua frente e não se deixar levar por fatores “externos” ao seu quesito, como beleza do desfile, pequenos acidentes ou mesmo tema-enredo proposto, que pode envolver maior ou menor simpatia com o julgador.

O maior defeito do Samba de Enredo é enveredar por caminhos incompreensíveis, numa linguagem repleta de frases sem sentido ou historicamente incorretas. Samba de Enredo também educa. Deve, por isso, ser julgado com a importância de que ele está investido.

PARÂMETROS BÁSICOS PARA JULGAMENTO DO QUESITO LETRA DO SAMBA

Fidelidade: Deve-se observar se a Letra do Samba está fielmente de acordo com o tema enredo proposto.

Clareza: A Letra do Samba deve transmitir objetivamente a mensagem literária e poética do enredo.

Correção: É a elaboração da Letra do Samba em seus versos e prosas, com sentido e coerência, sendo tolerados pequenos deslizes gramaticais, uma vez que os autores em sua maioria são artistas populares, sem formação acadêmica.

MELODIA. Nos dias que correm, vale muito mais a melodia de quem a faz com a cabeça do que com o coração: o sambista tornou-se imediatista, quer ouvir um samba e logo solfejá-lo. Assim, a feitura da melodia de um samba de enredo, mais do que uma arte, é uma ciência, pois na sua composição devem ser levados em conta vários fatores. A melodia é para um grande grupo esparso em toda a pista do desfile, por isso deve ter uma divisão perfeita, primar pela harmonia; ser bela, mas fácil, para que todos a cantem; ter passagens altas, justamente onde à letra aborda fatos marcantes; acima de tudo ser valente, muito valente, pois de sua vibração e capacidade de empolgar depende toda a Agremiação em termos de entrega total ao Samba, de qualquer ponto de vista.

A receita é aparentemente simples. Só aparentemente. E a ela se contrapõem as exceções de praxe. A única condição exigível de um compositor de entidade é o talento musical e, a partir dele, toda melodia deve mostrar um mínimo de criatividade, ser a obra de um artista, ainda que menor, mas artista. Como a receita do primeiro parágrafo é de difícil materialização, chegamos à primeira dica para o julgamento de melodia: deve prevalecer a originalidade.

Pouco importa que o samba cantado contrarie os conceitos do que seja uma melodia adequada ao desfile. O fundamental é pesar se a Agremiação canta toda a melodia durante todo o tempo do desfile. Neste caso, qualquer melodia é boa, desde que com um mínimo de originalidade. Uma Entidade devidamente ensaiada levanta a mais difícil melodia, transmitindo a empolgação e garra de seus componentes.

Um ponto importante: a melodia toda deve ser cantada e ouvida. Tornou-se praxe nos sambas de enredos à utilização de coros de melodia bem vivos, sempre bisados, estrategicamente distribuídos, para deixar a impressão de que todo o samba é cantado. Há até casos de aproveitamento de partes de melodia que caíram no domínio público com a mesma finalidade. Ninguém deve deixar-se envolver pelo pequeno trecho de melodia que empolga.

Cada região apresenta características próprias do ponto de vista melódico. Em São Paulo, resultado da influência dos cordões, que adotavam um ritmo marcadamente pesado, a melodia preferida por nossas entidades não tem a mesma vivacidade da adotada pelos cariocas, e isso, diga-se, em nada a invalida. Mas, hoje, resultado do intercâmbio entre sambistas de São Paulo e Rio de Janeiro, já há compositores que compõem com nítidos estilos semelhantes. O fundamental é que se julgue cada melodia dentro de suas características; nem de leve partir do pressuposto que o samba (entenda-se melodia) carioca é superior ao paulista, pois não o é.

Finalizando, uma boa melodia, e mais uma vez se frise a necessidade de que um mínimo de originalidade, é toda aquela que em alguns minutos de desfile da Entidade que a canta, tenha penetrado em seu ouvido, respeitando-se a tonalidade e divisão que devem ser uníssonas e uniformes em todo o elenco.

Parâmetros básicos para o julgamento do quesito Melodia

Originalidade: É a capacidade da melodia de transmitir musicalmente com criatividade a intenção do Samba Enredo.

Empolgação: É quando a melodia por si só proporciona a garra e o prazer do canto.

Tonalidade/Divisão: É o equilíbrio entre o tom e a divisão do samba pelo intérprete (puxador do samba) e dos demais componentes da Escola, facilitando o canto de todos.

A PORTA-BANDEIRA é a figura mais representativa de uma Escola de Samba, da mesma forma que a PORTA-ESTANDARTE nos Blocos Carnavalescos (que, entretanto, não é julgada), pois a elas cabe a honra de conduzir o Pavilhão da Entidade. Cabe a ela, PORTA-BANDEIRA, mostrar garbo, graça, elegância e dança com desenvoltura, com movimentos distintos, sem visagens desnecessárias.

MESTRE-SALA, somente nas Escolas de Samba, é o guardião do Pavilhão, surgiu da necessidade existente, no passado, de que o mesmo não fosse arrebatado pelas Entidades rivais.  O MESTRE-SALA, atualmente, tem outra finalidade, qual seja, chamar a atenção para o PAVILHÃO e todo o seu trabalho deve se voltar para a PORTA-BANDEIRA, portanto a ele são permitidos todos os movimentos, desde que pareçam naturais e se voltem para a PORTA-BANDEIRA e o Pavilhão.

Na função, a PORTA-BANDEIRA e o MESTRE-SALA se identificam plenamente, pois executam um bailado no ritmo do Samba (NÃO DEVENDO NUNCA SAMBAR) fazem constantemente movimentos sincronizados, tem variedade de passos e entendem-se a um simples olhar, nunca se comunicando verbalmente.

A PORTA-BANDEIRA jamais se curva a qualquer pessoa, uma vez que ela ostenta o ponto máximo da ESCOLA DE SAMBA que é o seu Pavilhão. O seu bailar tem características próprias que são movimentos giratórios em torno de seu próprio eixo, no sentido horário e anti-horário, segurando o mastro de seu Pavilhão apenas com o dedo mínimo, perpendicularmente ao solo.

A elegância do casal de MESTRE-SALA & PORTA-BANDEIRA é de extrema importância, constituindo faltas graves imputadas ao MESTRE-SALA que colocar os joelhos, as mãos ou deitar-se ao chão ou dar as costas a Porta-Bandeira. A Porta-bandeira deve conduzir o Pavilhão sempre desfraldado e sem enrolá-lo no próprio corpo, ou carregá-lo nas costas. Em nenhum momento o casal pode se chocar corporalmente.

Um par entrosado sabe que sua apresentação não permite momentos para exibição individual, o movimento de um tem sempre de estar relacionado ao movimento do outro.

Um casal ricamente fantasiado chama a atenção, não há como negar, mas a fantasia é dado que não deve ser considerado no julgamento da dupla.

Finalmente, um último dado: mais importante do que a Porta-Bandeira e do que o Mestre-Sala é o Pavilhão da Escola. Todo o trabalho do casal deve voltar-se para o Pavilhão. Ele é a razão da existência da dupla.

Observação: Quando a Entidade apresenta mais de um casal, caberá ao segundo conduzir o Pavilhão do Enredo, que não é julgado.

Parâmetros básicos para julgamento do Quesito Mestre-Sala E Porta-Bandeira

Sincronismo: É o perfeito entrosamento entre os movimentos do casal.

Postura: É a forma de conduzir a apresentar o Pavilhão da Escola com altivez, simpatia e elegância.

Estilo: É maneira singular do casal e evoluir. Apenas eles devem bailar dentro do desfile. Deve-se observar a criatividade e desenvoltura dentro deste bailado.

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